A Rosa do Povo, de Carlos Drummond

"A Rosa do Povo", de Carlos Drummond de Andrade
Editora: Record
ISBN: 9788501025975
Ano da Edição: 1999
Páginas: 205
Depois de ler os três primeiros livros de poesia publicados por Drummond minha real intenção era de ler o quarto, José, mas acabei não encontrando-o e optei por ler "A Rosa do Povo", que talvez seja um dos livros mais aclamados, ao lado de "O Sentimento do Mundo". 

Os quatro livros de Drummond que eu li foram os únicos de poesia lidos em toda minha vida até então. Logo, todo e qualquer comentário é de alguém que ainda está pegando o jeito de ler poesia, aprendendo um pouco aqui e ali como sentir o texto e entender o que ele quer passar.

A Rosa do Povo é um livro composto por 55 poemas e, antes de qualquer coisa, a maior diferença para os três primeiros livros é que o contexto histórico é de imensa importância. Ele foi escrito durante a II Guerra Mundial (no Brasil, ditadura do Estado Novo) e, por isso, muitos poemas serão influenciados por esses fatos. Eles retratam guerras, perdas e angústias - tanto pessoais quanto da humanidade.

Mas em relação à temática, talvez por conter mais de 50 poemas, o livro é bem variado. Drummond escreve sobre o povo, questões existenciais (talvez um dos temas mais recorrentes, se não me engano), o passado, cotidiano, entre outros. O humor, que era facilmente visto nos poemas de Alguma Poesia some e dá lugar à poesia mais densa e sombria de Drummond. 


Quanto à escrita, não há dúvidas de que, apesar de continuar acessível, se torna muito mais trabalhada. O livro é repleto de metáforas, que muitas vezes me fizeram recorrer à pesquisa - já que só seriam entendidas no contexto, os versos de alguns poemas se tornam bem mais longos do que nos livros anteriores e há também a presença constante de ironias, que podem exigir que o mesmo poema talvez seja lido mais de uma vez.

Não é fácil escolher poucos poemas entre 55 incríveis que encontrei nesse livro, mas selecionei os que mais me chamaram a atenção, e que acho que todos deveriam ler. São eles: A Flor e a Náusea,   Passagem da Noite, Resíduo, Caso do Vestido, Noite na Repartição, Interpretação de Dezembro e Carta a Stalingrado. Eis uma das minhas estrofes favoritas:

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
(Resíduo)

Mas lembro que, como nova leitora de poesia, não recomendaria que alguém começasse por esse. Sentindo do Mundo é, apesar de mais profundo que os dois primeiros, bem mais leve do que A Rosa do Povo. Aos que já leram qualquer outro livro de poesia e, assim como eu, se apaixonaram pela escrita do Drummond, a leitura vale - e muito! Livro que sem dúvidas será relido ao longo de toda minha vida.

Share this:

, , , , ,

CONVERSATION

0 comments:

Post a Comment