O primeiro livro da trilogia baseada na HQ, também criada por Robert Kirkman, narra a história de como surgiu o Governador, eleito o vilão do ano em 2012.

A história conta a trajetória de Phillip Blake, sua filha Penny e seu irmão Brian que, com outros dois amigos, irão cruzar cidades desoladas pelo apocalipse zumbi em busca do suposto abrigo em Atlanta, anunciando enquanto as televisões e rádios ainda funcionavam.

Quem já leu a HQ de The Walking Dead não só prevê muitos acontecimentos como descobre com mais facilidade quem vai se tornar o grande vilão da série. Eu, que até então só havia assistido à série de TV (onde o Governador ainda não deu as caras), fui conduzida pelas reviravoltas da narrativa sendo surpreendida muitas e muitas vezes. 

O caminho que os personagens percorrem não é apenas repleto de zumbis. Eles encontram outros sobreviventes que, assustados, em busca da sobrevivência, muitas vezes conseguem ser mais perigosos do que os mortos-vivos.

Com a pouca esperança que resta, o pequeno grupo segue sempre em busca de um lugar melhor. Aos poucos, no entanto, os acontecimentos fazem com que essa esperança diminua cada vez mais, uma vez que as consequências do apocalipse se tornam mais presentes a cada passo dado. O livro narra, acima de muitas coisas, a transformação das pessoas em um mundo apocalíptico, sem esperanças, onde a sobrevivência se torna importante o bastante para fazer com que os seres humanos se tornem cada vez mais hostis.

O terror psicológico é mostrado através da transformação dessas pessoas que a cada perda se tornam mais frias. Mas a violência, as cabeças sendo cortadas e tudo aquilo que já foi visto tanto na HQ quanto na série de TV também estão presentes. É, sim, um livro de terror, e essa informação pode ser encontrada na descrição, nas primeiras páginas do romance. Mas não é um terror de fantasmas e suspenses, mas de um mundo tomado pelos monstros e pelo medo.

Não está entre os meus favoritos, mas foi uma boa leitura, que se relacionou muito bem tanto com a HQ quanto com a série. Indico aos que já gostam do universo de TWD, ainda que a história não seja exatamente a mesma, mas um extra. O único problema que eu encontrei foi a falta de alguns travessões e pontos, além de algumas falhas de impressão. Poderia ser um erro da minha edição, mas conversei com o amigo e, no livro dele, havia as mesmas falhas. Ponto a menos para a editora Record, mas nada que atrapalhe o atendimento da leitura.

O próximo livro da trilogia, "A Estrada para Woodbury", promete ser uma sequência direta de "A Ascensão do Governador", mas ainda será anterior à história que vemos na HQ. Fiquei curiosa pela continuidade da história, uma vez que o Governador passa a se tornar o grande vilão apenas no fim da narrativa. Para os próximos livros, acredito que o terror deixe de ser apresentado através da presença dos zumbis e dê mais espaço ao grande vilão do ano.