A Hora da Estrela

"A Hora da Estrela", de Clarice Lispector
Editora: Rocco
ISBN: 853250812X
Ano: 1998
Páginas: 87
 Sempre ouvi falar de A Hora da Estrela como o último livro de Clarice, por isso carregado com um tom de despedida e aceitação da morte. Mas então descobri que, além disso, o livro foi vencedor do 20º Prêmio Jabuti, em 1978. Juntando a necessidade de ler um livro vencedor do prêmio com a boa experiência de leitura que já tive ao ler Felicidade Clandestina, essa foi a minha escolha para Julho.

Eu não fazia ideia do que esperar da história em si, já que me neguei a ler a sinopse e queria ser surpreendida. Na primeira parte do livro, somos pouco a pouco apresentados tanto à Macabéa quanto ao narrador, Rodrigo S. M. O narrador por muito tempo se preocupa mais em descrever e explicar sobre o processo de escrita do livro a apresentar a história da nordestina Macabéa, protagonista do livro. Ela, que é uma nordestina criada pela tia que se muda para o Rio de Janeiro, passa a ser conhecida a partir da segunda metade do livro, onde acontecimentos e atitudes mostram a personalidade frágil de Macabéa, uma moça solitária sem muita noção do que acontece a sua volta e que não tem noção da própria existência.

Com a proximidade da morte, Clarice se coloca um pouco em seus personagens e nem mesmo com a criação de Rodrigo S.M. seus traços desaparecem da narrativa. Nessa obra, no entanto, Clarice insere características modernistas que não fazem parte do seu estilo de escrita - o regionalismo da segunda geração e o retrato simples e puro dos fatos. Isso porque Macabéa é uma personagem que apenas vive, sem pensar muito nas consequências de sua existência ou se importando em saber quem é.

Não é fácil resenhar esse livro. Apesar de ter sido lido em uma tarde e ter apenas 87 páginas, A Hora da Estrela é uma obra-prima que reúne a história de um escritor que reflete sobre seu trabalho com a história de uma alagoana que cumpre seu destino sem saber  que o faz, e nem mesmo quando se apaixona tem capacidade de reagir. Sempre está bem, sempre tanto faz. Me lembrou até um pouco da família de Vidas Secas (Graciliano Ramos), pela falta de habilidade em se comunicar.

O livro me surpreendeu não pela história apenas, cuja sinopse deve parecer banal a quem leia apenas os acontecimentos. A obra é uma demonstração do que é literatura e eu, que há tempos estava cansada dos livros que apelam para o sobrenatural para que a história se torne interessante, encontrei em A Hora da Estrela uma boa leitura, sem frescuras.

Esse post faz parte do Desafio Literário 2012 de Julho, com livros vencedores do Prêmio Jabuti!

Share this:

, , ,

CONVERSATION

1 comments:

  1. Li o livro e tento encontrar palavras para expressar o que senti. Gostei muito de lê-lo nesse momento da minha vida.

    ReplyDelete