Eu, de Ricky Martin (Autobiografia)

"Eu", a autobiografia de Ricky Martin

Editora: Planeta do Brasil
ISBN:9788576655633
Ano: 2010
Páginas: 340
Sempre gostei muito do cantor Ricky Martin, até que por uns tempos ele sumiu e, quando voltou na mídia, era porque havia assumido ser gay. Mas também não dei muita importância a esse fato, até encontrar essa autobiografia.

Desde O Diário de Anne Frank, fiquei com um vazio e uma vontade de ler as memórias de alguém. Pedi e ganhei esse livro de presente por ter lido tantas resenhas sobre como ele era mais do que o esperado, então resolvi comprovar se era verdade.

Durante nove capítulos podemos descobrir quem é Enrique Martin Morales, mais conhecido como Ricky Martin. Desde quando era criança, ele conta que sempre quis se tornar um artista - só não tinha ideia que isso se realizaria tão rapidamente. Ainda jovem, foi aceito para participar do grupo Menudo, o que mudou completamente o rumo de sua vida. Turnês ao redor do mundo, poucas horas de sono e muitas tardes de autógrafo foram, pouco a pouco, esgotando a alegria que Ricky tinha de fazer parte daquilo, chegando a pensar em desistir muitas vezes.

Ao sair do grupo, Ricky não sabia que rumo seguir. Cansado e infeliz com tantas pessoas de olho nele o tempo todo, resolveu se mudar e viver sozinho. Aos poucos, passando pelo teatro e por outras artes, ele se redescobriu na música.

"Você precisa criar o curso do seu destino e não deixar o acaso determinar a direção. Acredito totalmente que a sorte vem para os que dão duro para encontrá-la."

O livro conta o que houve por trás dos sucessos "Maria" e "Living la vida loca", que fizeram parte dos momentos mais desgastantes da carreira dele. Mas, acima disso, o livro toda gira em torno da grande procura do cantor pela paz e da espiritualidade. Aos poucos, Ricky Martin narra como passou por grandes conflitos da sua vida: o que fazer profissionalmente, como aceitar sua orientação sexual e, principalmente, como ficar bem com si mesmo.

Senti falta de maiores descrições das viagens dele à Índia, onde teve grandes experiências que mudaram sua vida e que mostraram ao cantor uma realidade muito triste do tráfico de pessoas. Ele mostra o quanto seus projetos são feitos por amor ao próximo e que, no início, preferia manter o anonimato exatamente para que as pessoas não começassem a dizer que sua instituição é um golpe de marketing.

A parte do livro que mais me emocionou mesmo foi quando Ricky contou como se tornou pai e como seus filhos influenciam nas suas escolhas e o que espera para o futuro deles. Foi a primeira vez que li abertamente sobre como é o processo da chamada barriga de aluguel, que eu até então não sabia que era o método escolhido por ele para ter os gêmeos.

Posso dizer que, através desse livro, conheci Ricky Martin como homem, pai e um pouco mais como cantor. De fato, me surpreendi! Ricky não é um escritor, escreveu esse livro para contar um pouco de suas experiências e passar um pouco de seus conhecimentos e, como cantor e ator, fez isso maravilhosamente.

"Lembro-me dos grandes gênios da literatura, como Frederico García Lorca e Oscar Wilde, que, apesar de todo o seu brilhantismo e os legados surpreendentes que deixaram para o mundo por meio de seu trabalho, foram perseguidos por serem homossexuais. Isso não faz sentido."

Não é uma grande obra literária, mas não deixa de ser um livro que faz o leitor refletir sobre muitos aspectos da vida e do futuro que queremos para nós mesmos e para a humanidade. Além, é claro, que quebrar alguns tabus e discutir abertamente sobre os sentimentos de alguém que reprimiu suas preferências por tantos anos, com medo da rejeição do público e dos amigos. Recomendo a todos que se interessem pela vida de Ricky Martin ou que, assim como eu, têm algumas dúvidas entre escolher o que os outros esperam ou o que sentimos que seja importante para nós.

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