O Diário de Anne Frank


Em Junho de 1942 a jovem Anne Frank começava a escrever em seu diário, um presente de aniversário que passaria ser muito mais do que um simples caderno. Querendo fazer do diário uma amiga, Anne Frank logo lhe da o nome de Kitty e assim o chama ao longo de toda a escrita.

No começo, apesar de ser um diário de uma garota judia de 13 anos que conta sobre sua vida escolar - o que aparentemente seria banal - já é possível ver os traços fortes da personalidade de Anne. A paixão por livros, suas reflexões sobre auto conhecimento e como se sente em relação aos seus pais, sua irmã mais velha e amigos são temas que se estendem ao longo do livro e que mostram o quanto Anne era além do seu tempo.

Anne pertencia a uma família judaica de Frankfurt que, em 1933, fugindo às perseguições do regime hitleriano, se refugiou na Holanda, onde supunha encontrar a paz e a segurança. Apesar de viver ainda com medo, Anne vive bem - vai à escola, tem amigos e se diverte. Tudo muda quando a Holanda é invadida e a única opção encontrada pelos Frank é se mudar.

Eles se mudam para um esconderijo, chamado por Anne de "Anexo Secreto", um espaço de três andares, com entrada a partir de um patamar acima dos escritórios da Opekta. Duas salas pequenas, com um banheiro contíguo ficavam no primeiro nível, acima de um maior espaço aberto, com uma pequena sala ao lado. A partir desta sala menor, uma escada levava ao sótão.

A porta de entrada para o esconderijo era protegida por uma estante de livros, fazendo com que ele permanecesse oculto.

Por dois anos esse foi o local onde Anne morou, sem sair, com medo de ser descoberta e com controle de comida. Apesar de se dar muito bem com seu pai (Otto), Anne tem sérios problemas de convivência com sua mãe e com sua irmã, Margot, que sempre implicavam com a jovem, por falar demais, entre outras coisas.

Em 13 de julho de 1942, a família van Pels se juntou aos Frank no confinamento: Hermann, Auguste e Peter de 16 anos de idade. No começo, Anne se animou por ter mais companhia no esconderijo, mas aos poucos os conflitos foram surgindo entre Hermann, mãe de Peter, uma mulher arrogante e egoísta, e Anne.

Com alguns outros moradores chegando, outros indo embora, assim seguiram por dois anos de guerra, escondidos no Anexo Secreto.



É claro que a guerra nunca fica em segundo plano, os bombardeios e o medo de serem enviados ao campo de concentração são constantes no diário de Anne, mas isso não a impediu de ser ela mesma. Por dois anos, com a esperança do fim da guerra, Anne nunca deixou de estudar e tentava sempre ser uma pessoa melhor.

Com uma auto crítica que falta em muita gente, Anne chega aos 15 anos com uma mentalidade muito além de todos alí presentes. Mesmo confinada, a jovem cresce, tem sonhos e sabe o que quer da sua vida. Mais do que tudo, não quer ser "só mais uma" no mundo, quer fazer a diferença e se tornar uma grande jornalista.

Me identifiquei com Anne Frank em muitos momentos na qual ela falava de sua personalidade e o que queria fazer de sua vida. A leitura e a capacidade de discutir qualquer assunto fizeram de Anne uma jovem - porém grande - pensadora, uma vítima da Segunda Guerra que não pensava nunca em desistir.

Quando mais velha, Anne passa a reparar em Peter e aos poucos eles constroem uma maravilhosa amizade, uma amizade que os dois jovens precisavam muito em um tempo como aquele.

Uma jovem estudante se transforma em uma quase mulher que soube relatar como ninguém o que foi aquela época, como os judeus viam o nazismo e que, acima de tudo, cresceu como pessoa mesmo estando no mesmo esconderijo por dois anos. É um livro capaz de emocionar e ensinar não apenas sobre uma época histórica, mas também falar sobre esperança, sonhos e a busca para fazermos a diferença. Essa diferença que Anne fez, ainda que involuntariamente.

Esse post faz parte do Desafio Literário 2012 de Maio, com livros de Fatos Históricos!

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2 comments:

  1. Esse livro é lindo, exemplar, tocante...não consigo sair da leitura sem me sentir transformada. Ótima escolha!

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  2. Ainda não li esse, mas os q já li dessa epoca me chocou, vou procurar esse parece (pela resenha) q eu já devia ter lido e não irei me arrepender.

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